segunda-feira, 31 de maio de 2010

ESTA LENDA ESCREVO AGORA, MAS TEM MAIS...MUITO MAIS...




Anguera                                                                             ana maria-gosto de estórias, lendas, mitos...




vocabulário;
Anguera= na mitologia dos Guaranis,significa "alma penada" alma saída do corpo dos mortos. No texto o folklorista usa o termo original, dando nome  a um personagem que tranformava-se em um fantasma alegre e brincalhão
ang=alma  e cuera ou guera- andar
farrapos- assim chamados pejorativamente aqueles que formaram o exército rio-grandense à época da Revolução Farroupilha, que durou 10 anos.1835 a 1845
chimarrita- tipo de dança popular de origem açoriana
estãncia=propriedade rural
fandango=dança sapateada de origem açoriana
índio- na linguagem popular do Rio Grande do sul chama-se não só ao indígena mas também ao homem do campo, valente, forte, destemido
nhanduti-trabalho de renda, imita uma teia de aranha
copla-pequena composição poética
pitando=fumando
o tapejara= o  conhecedor dos caminhos

O ANGUERA

O Anguera enquanto pagão, chamava-se desse nome, era um índio grande, forçudo e valente, mas era triste....carrancudo e calado.
Quando os Padres de Jesus entraram no sertão da serra, corridos que vinham doutro rumo, foi Anguera, o tapejara, que conduziu sem erro a companhia, e quando os padres sentaram pouso batizou-se.
E foi padrinho Mbororé, que era cacique e já amigo muito, dos padres. O nome Anguera, pagão, ficou sendo Generoso, nome de cristão.
E foi como cobra que deixa a casca...

Anguera, que era triste, deixou a casca da tristura e, como Generoso, de nome bento, ficou prazenteiro.
E ajudou a botar pedra no alicerce de todas as Igrejas dos SETE POVOS . E  durou anos neste ofício! e ele, sempre risonho e cantador.

Um dia chamou padre-cura, confessou-se e foi ungido de óleo santo e morreu...

Generoso morreu contente, pois a cara do seu cadáver guardou um ar de riso, e foi muito chorado....porque tinha a estima de todos, por ser mui prazenteiro e brincador.

De forma, que a sua alma saiu-lhe do corpo de jeito alegre, e e então, invisível, entrava nas casas dos conhecidos, passeava nos quartos, nas salas, e para divertir-se fazia estalar os forros do teto e os barrotes do chão, e também os trastes novos, e os balaios de vime grosso, e se achava dependurada a viola fazia sonar o encordamento para  alegrar-se com a lembrança de suas cantigas, de quando era vivo e cantava...

Outras vezes, assobiava nas juntas da sportas e janelas, espiando por elas os moradores da casa; e quando os homens rodeavam a candeia, pitando, ou as crianças brincando, ou as donas de casa costuravam ou faziam nhanduti, o Generoso-a alma dele- por acaso-soprava devagarzinho sobre a chama da luz, fazendo-a requebrar-se e balançar-se, que era para a sombra das cousas também mudar de estar queita...

E muitas vezes-até o tempo dos farrapos-quando se dançava o fandango nas estancias ricas ou a chimarrita nos ranchos do pobrerio, o Generoso intrometia-se e sapateava também, sem ser visto, mas sentiam-lhe as pisadas, bem compassadas no rufo das violas...e quando o cantador do baile era bom e pegava bem de ouvido, ouvia por ordem de Generoso repetia esta copla, que ficou-lhe conhecida como marca de estância antiga, sempre  a mesma:


Eu me chamo Generoso,
Morador em Pirapó,
gosto muito de dançar
Co" as moças de paletó....

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