quarta-feira, 26 de maio de 2010

MAIS UMA LENDA-ESTA É INDÍGENA




vocabulário= Tapes= tribos de indígenas Guaranis que habitavam parte da região  central do Rio Grande do Sul, desde as Missões até os vales dos rios Jacuí e Taquari

Tupã=Na lingua tupi, designa manifestações meteorológicas como trovões, raios, Os Jesuítas associaram depois Tupã com a idéia de Deus.
AS LAGRIMAS DE OBIRICI


Em todo o Rio Grande do Sul  rios, cidades, ruas^são denominadas com nomes indígenas como o PASSO  DA AREIA EM PORTO ALEGRE, EM TUPI RIACHO IBICUIRETÃ, DA LENDA INDÍGENAS "AS LÁGRIMAS DE OBIRICI"

eis a lenda:

quando o homem branco sequer havia pisado naqueles areais, ali se instalara a tribo tupi-mirim, da nação tapes. espremidos entre o Gaíba e morros, volta e meia precisavam defender sua taba com paus, pedras, arco e flecha de ataques das tribos inimigas. Os tupi-mirins viviam em permanente alerta. e como não tinham cacique, eram comandados por um chefe guerreiro. se este adoecia ou morria, cabia ao conselho de anciãos  escolher um novo líder para as batalhas que viriam.

Depois de eleito, o chefe, geralmente jovem e solteiro, começava a despertar a atenção das índias solteiras. Aquele que até outro dia era apenas mais um entre os seus, se convertia em um abençoado de Tupã, um escolhido dos deuses. e assim suscitava uma disputa entre as donzelas da aldeia. todas passavam a usar seus enfeites mais bonitos, suas tintas mais coloridas, seus perfumes mais cheirosos. Tudo para conquistar o coração do agora poderoso guerreiro. 

Mas com Obirici, uma linda jovem daquela tribo, os sentimentos não funcionavam deste jeito. Desde curumim ela nutria amor por um único índio. Nunca havia confessado sua paixão, no entanto amava em segredo, em silêncio, sózinha.

 Quis o destino que o índio por quem ela era apaixonada fosse escolhido  o chefe guerreiro dos tupi-mirins. Obirici pensou, então, que chegara o momento para se declarar.

-Grande chefe, estou aqui para dizer que te amo. quero ser sua esposa, passar a vida a teu lado.
-tu não és as única a declarar amor por mim Obirici.

-outra índia se apresentou como pretendente?
-Sim.. ela diz me amar como ninguém mais me amaria.
-Mas eu te amo tanto quanto ela até. É desde senpre...desde que soube o que era amar alguém....

-eu acredito, Obirici, mas estou indeciso.

Diante do tímido amor de sempre e da paixão repentina, o índio não soube  o que fazer. Foram dias tristes para Obirici. passou noites em claro, chorando, soluçando, odiando amar.

Como o novo chefe guerreiro não chegava a uma decisão ele proprio pediu que o sábio conselho de anciãos estabelecesse uma solução para o impasse.
assim foi feito: as duas pretendentes disputariam um torneio de arco e flecha. A vencedora seria a mulher do chefe guerreiro.

No dia do desafio toda a tribo reuniu-se para assitir ao grande acontecimento. nunca a disputa para ser esposa do chefe havia chegado tão longe. Muitos repararam que Obirici demonstrava estar muito nervosa, enquanto que a concorrente parecia ganhar confiança com toda aquela gente como assistência.

Obirici transbordava  insegurança. Tremia seu arco, tremia sua flecha, tremia seu braço, suas pernas, seu corpo todo....O mundo tremia a seu redor....suas flechas atingiam o alvo sem muita convicção, como se tivesses deistido do vôo no meio do caminho.

A outra  índia parecia mais afeita ao arco e flecha. Seus disparos eram precisos, fulminantes, certeiros. Cada flecha sua que  acertava o alvo era como se  acertasse também o coração de Obirici. aos poucos sua vitória foi se tornando evidente.

perdeu Obirici. Perdeu a batalha, perdeu seu amado, perdeu a razão. enclausurada em sua oca, só fazia chorar. Não comia, não bebia, não dormia, quase esquecia até de respirar. No dia do casamento do homem que que havia rejeitado seu amor, não aguentou de sofrimento. Saiu da aldeia correndo, em prantos , para longe, em direção a um ponto mais alto do areal.

Era noite de lua cheia, e para a lua Obirici chorou. era noite estrelada, e para as estrelas Obirici chorou, uma lágrima para cada  ponto brilhante do céu. chorou tanto que sua face aos poucos foi se convertendo em lágrimas, e suas lágrimas viraram um riacho, que foi fazendo seu caminho  pela areia até chegar à aldeia.

Primeiro  assustados, depois consternados, os tupi-mirins perceberam que o rio eram as lágrimas de sofrimento de Obirici. chamaram o arroio de Ibicuiretã, e os açorianos quando aqui chegaram o rebatizaram de Passo da Areia, que deu nome ao bairro.

Não há mais areaia, não há mais passo, mas obirici ainda existe. Próximo ao viaduto que leva o seu nome e que se ergue sobre a Avenida Assis Brasil, a índia está imortalizada em uma escultura, com os braços para o céu, pedindo um alento a Tupã.

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